quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

COM O PERDÃO DAS FEMINISTAS



No dia em que acordei flor
Dei pra ter carinho de pássaro,
Passei a declinar borboletas
E um pirilampo sonhou meu sol.

E de tanto ouvir os sábios conselhos dos grilos
E as recomendações do louva-a-deus,
Desabrochei de amor
Em maio molhado de orvalho.

Sei.
"Ser flor de maio não é nada moderno,"
Mas perdi o medo
Do que é eterno.

Nara Rúbia Ribeiro

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

OBSERVATÓRIO DO MEU ANJO DA GUARDA

Meu anjo anda meio cansado.
Sentou-se ao pé do meu leito
E dormiu.

O tempo apiedou-se dele
E parou a contagem das horas.

Estática,
Parei de validar os medos.

Um anjo que dorme
Vale mais que mil anjos de pé:
O meu anjo da guarda não vela
Meu anjo
Sonha por mim.

Nara Rúbia Ribeiro

A HORA

A porta do tempo é opaca
Mas menino a viu entreaberta.
Foi espiar.
“- Mãe, cada minuto é feito de sessenta borboletas coloridas
Que voam depressa pra todo lugar.”
A mãe sorriu.
“- E qual a estrutura da hora, filho?”
“- A hora, mãe, é quando a matemática das borboletas se junta
E elas seguram as asas umas das outras
Como se fosse a humanidade inteira... “
A humanidade inteira,
Essa é a hora.

Nara Rubia Ribeiro