DESALINHO
  
 Tenho um sem fim finito de esperança, 
 Pois desalinho palavras
  E me rasgo inteira, 
 Poema inacabado que sou,
  Na pulsação descontínua 
 Do silêncio azul
  Dos teus olhos tristes.
 
  E as letras me caem, uma a uma, 
 Estrelas pálidas, vencidas, insones...
  Cascata de emoção ressentida
  Sem a pureza pronta 
 Da primeira hora.
 
  Há um vácuo de palavras
  A afrontar os ponteiros 
 Da solidão vivida.
  Um cúmulo de ausências 
 Aprisionado num poço de silêncio fundo.
 
  Sou uma dor que se perdeu no espaço
  Ave invisível de um céu 
 Que nunca sonhaste teu.
 
  Nara Rubia Ribeiro
 
