terça-feira, 23 de agosto de 2011

ALMOÇO

O livro era minha roupa.
Dele despida,
Minha emoção era nua
E eu me envergonhava de mim.

Assim era a hora do almoço, quando eu me sentia nua de sonho
E o meu sossego era ler as coisas também sem sonho
Pares comigo, naquele instante.

Via tristezas em cebolas sérias
Via silêncios profundos no vasilhame de sal.
Pensava no ligeiro lapso de alegria
Da ave que precocemente descansa,
No cozido sobre o meu fogão...

Assim,
Lendo verdades banais
De coisas cotidianas e minhas,
A vergonha era algo rápido e ameno,
Como se o vexame de minha nudez fosse invento,
Como se recoberto de poesia o meu peito estivesse
Com vestido rodado de renda e encanto
Nas entrelinhas da minha vida inteira.



Nara Rúbia Ribeiro




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