terça-feira, 16 de agosto de 2011
Pastagem
Meu avô possuía
Um pedaço de chão
Para que o seu gado pastasse.
Quando os bezerros nasciam,
Além do leite da mãe,
Possuíam o alento da terra
Plana, em pastos feitos,
Para que sonhassem ser gente
Ao olharem a campina
E saberem-se senhores de toda a pastagem.
Os bezerros do meu avô
Fariam inveja a crianças várias.
Pois estas já nascem
De um ventre de sonho partido,
Deparam-se com seios enxutos
De uma mãe desnutrida,
E observam, ao redor de si
Amontoados de lixo e um sem tanto de semiviventes
Que sonha e que ama,
E finge que nada sente,
Afinal, eles sabem,
Todos sabem disso:
"- O que vale ao mundo
O sentir de um catador de lixo?"
Meu avô queria que os seus bezerros se enxergassem gente.
Imagino, tristemente, a cena,
De um menino, em pronta miséria,
Em seu momento lúdico,
Sonhar pastar, bezerrinho alegre,
Pelos pastos formados por meu avô.
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