segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Elegia à Paixão Primeira

Não, eu não quero perder-te.
Quero prender-te e podar-te as asas.
Quero que não cantes,
Quero que não sonhes,
Quero que te ponhas em tua triste gaiola de prata
Que me olhes com ternura de espera eterna
E que perdoes a minha vileza.

Não, não quero perder-te.
Quero subir à estrela mais bela
E, de seu raio mais certo, pender-te.
Quero-te preso, sufocado e minguado de afeto,
Mas não, eu não quero perder-te.

Quero que renegues tuas verdades mais santas,
Quero que refutes as ordenanças mais castas,
Quero que desabes nos despenhadeiros de todas as coisas
E que caias em mim
E que te aconchegues na palma da minha mão.

Não, não quero perder-te.
Quero que definhes aos meus pés
Que limpes o convés do navio dos meus sonhos
E que faças revés
A dor que em meu peito és.

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