quinta-feira, 11 de agosto de 2011

“Quero falar de uma coisa”

“Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar”
Milton Nascimento

Dia 11 de agosto de 1827 foi uma data festiva para o povo brasileiro: Dom Pedro I instituíra o primeiro curso de ciências jurídicas e sociais, no Brasil. Em virtude deste feito imperial, cem anos depois, escolheu-se o dia 11 de agosto para que fossem homenageados os estudantes de todo o país.

Hoje, 11 de agosto de 2.010, percebo que é necessário, ao fazermos tais homenagens, estar atentos ao que significado da data.

O termo “estudante” não raras vezes é associado ao jovem em seu primeiro estágio de estudo formal e muito perdemos se adotarmos como correta tal percepção.

O “ser estudante” é um estado de espírito. Estudante é todo aquele que, a despeito de todas as verdades que julga saber, ainda se encanta com a possibilidade de aprender.

Ser estudante é buscar alternativas e não aceitar as mazelas do mundo como forças definitivas.

Ser estudante é contender, brigar, brincar de amar e ser feliz por breve tempo, por pouco espaço de horas, mas fazer destas horas uma elegia à vida e à sua magnitude suprema.

Ser estudante é tolerar o intolerante, mas rechaçar a intolerância. É dar espaço ao novo e inovar, sem jamais desaprender a simplicidade.

Ser estudante é ter como gloriosa a maestria do tempo e aprender com ele, nas batidas do relógio, que o que conta é a hora intensamente vivida, o sonho concretizado na luta e a esperança espelhada na perseverança nossa de cada dia.

Estudante é todo aquele que segue o conselho socrático e busca aprender um tanto mais de si mesmo; encantando-se, tantas vezes, ao perceber, em seu estudioso coração, essências sublimadas, sentimentos imensuráveis, sonhos de dignidade e de justiça que sobreviveram às decepções havidas pela vida a dentro.

Milton Nascimento mostrou-se feliz ao descrever o que seria, em sua visão poética, um coração de estudante. Para o poeta, o coração de estudante é ”Alegria e muito sonho/Espalhados no caminho/Verdes, planta e sentimento/Folhas, coração/Juventude e fé.”
Hoje, dia 11 de agosto, cabe a cada um de nós encontrar o seu próprio coração de estudante. O Milton dá uma pista: “Adivinha onde ela anda/Deve estar dentro do peito/Ou caminha pelo ar/Pode estar aqui do lado/Bem mais perto que pensamos”. Bem mais perto que pensamos... bem mais perto!

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