terça-feira, 9 de agosto de 2011

TRIBUTO A MIA COUTO

"Acendemos paixões no rastilho do próprio coração.
O que amamos é sempre chuva, entre o voo da nuvem
e a prisão do charco." Mia Couto

Caro Mia,
Em minha ignorância suprema,
Não sabia que existias.
Em chuvoso e inebriado dia,
Encontrei-te asseverando que é a prisão do charco
O termo final do amor que forjamos.
Encharquei-me de ti.
Aprendi que orvalho tem raiz,
Que "cada homem é uma raça" e que,
A despeito de todas as coisas,
A terra nos pode presentear com "estórias abensonhadas".
Talvez por isso eu te abensonhe eternamente.
Contigo naveguei por um "rio chamado tempo".
E ao ler-te compreendi que a "terra é sonâmbula"
E que a Língua Portuguesa é bem mais que uma língua...
Aprendi que a Língua Portuguesa é proeza.
Tua prosa é poesia pronta,
E quando leio o que escreves,
Meio tonta,
Tateio meu intelecto e percebo
Que dele não preciso
Para captar o que queres.
A tua alma à minha se alinha,
Na prosa em que constróis castelos de dor realista
Ou na poesia em que de amor definhas.

Nenhum comentário: